Amélia
Sparano: "Vissi d'arte, vissi d'amore"
Maria Helena Kuhner
A
famosa expressão da Tosca poderia bem ilustrar quem é
a poeta, contista e romancista Amélia Sparano, penso eu, ao
ver diante de mim sua frágil figura, os cabelos brancos dando
destaque aos olhos doces, em que nem a tristeza atual consegue apagar
a vivacidade de seus bem vividos 90 anos.
De fato, com o amor e a arte ela fincou suas garras na carne da vida
aí deixando marcas inapagáveis. O amor, fonte
de vida, de doçura e prazer, como diz ela em Commiato,
despedindo-se, em 6 de julho de 2002, daquele que foi seu companheiro
durante 63 anos. O companheiro que conhecera em Gênova, como
colega de natação, e em que descobrira alguém
franco, sincero, amoroso, por quem se apaixonaria iniciando
tumultuado namoro; tumultuado porque, tendo ela 26 anos e o rapaz,
16, seria ameaçada pelo pai do rapaz, embaixador estrangeiro,
de processo judicial por corrupção de menor processo
obviamente infundado, pois eram ambos virgens, vivendo apenas o terno
e ingênuo enlevo dos que descobrem o amor pela primeira vez,
como ela descreveria em seu poema Primeiro Beijo, marcando (coincidência)
a data de 7 de julho de 1939. Com ele viveria também momentos
difíceis, como o período da ocupação alemã,
durante a guerra, em que tiveram que fugir para as montanhas (Rialmosso)
e aí ficar refugiados, juntamente com outros inclusive
neozelandeses escapados de um campo de concentração.
Un amore unico di tutta la vita che convisse armoniosamente il lei
con il sentimento della fraternità. De uma fraternidade que
a faz afirmar, convicta, que gosta de gente e por isso
rejeita as hierarquizações que, para organizar a sociedade,
geram um mundo em que a liberdade é tão relativa e a
igualdade, uma ficção. É neste senso de fraterna
amicizia que sedimenta seu permanente impulso em direção
aos outros marca forte do caráter daquela que, desde
garota, se sente viva, feliz em viver, empenhada em pensar por conta
própria, superando a rigidez da própria educação
para descobrir, encantada, não um Deus pessoa, mas o
deus que existe dentro de cada um.
Chegando ao Brasil em 1945, é em suas obras que começa
a repassar e registrar as experiências de sua aventurosa vida.
E assim surgem poemas, contos, romances pelos quais vai recebendo
sucessivos prêmios: Tudo que escrevi foi premiado,
diz ela com simplicidade. E, realmente, seu estilo muito pessoal -
poucas palavras, frases curtas, a palavra certa e sempre significante
unido à autenticidade e verdade que ressumam de seus
escritos vão lhe trazer oito prêmios, entre os quais,
o do Instituto Nacional do Livro, por A Hora Difícil, os da
União Brasileira de Escritores e do Sindicato dos Escritores
por A Ciranda das Horas (ainda inédito), o da Academia Brasileira
de Letras pela peça teatral Nas Malhas de Rede, o do Clube
do Livro de Goiás como Melhor Livro de Contos da Década
por Moeda Corrente e a medalha da União Brasileira de Escritores
por Anos de Fogo, romance autobiográfico.
Em suma, uma vida plena, uma obra rica: Amélia Sparano, um
nome a ser guardado e reverenciado.
Traduzione di Giuseppe
D'Angelo
La
famosa romanza della Tosca potrebbe molto bene illustrare
chi è la poetessa, scrittrice di romanzi e di racconti Amelia
Sparano, penso nel vedermi davanti la sua figura fragile, i capelli
bianchi che danno risalto ai suoi dolci occhi, nei quali nemmeno lattuale
tristezza riesce a spegnere la vivacità dei suoi 90 anni ben
vissuti.
Infatti con lamore e larte lei ha affonfato le sue unghie
nella carne della vita, lasciandovi marche inappagabili. Lamore,
fonte di vita, dolcezza e piacere, come lei afferma in
Commiato, nellaccomiatarsi il 6 luglio 2002, da colui che fu
suo compagna per 63 anni. Il compagno che conbbe a Genova, come collega
di nuoto, e nel quale scoprì un tipi franco, sincero,
affettuoso, del quale si sarebbe innammorato iniziando un tumultuoso
relazionamento; tumultuoso perché avendo lei 26 anni e il ragazzo
16, sarebbe stata minacciata dal padre del giovane, ambasciatore di
un altro paese, di giudizio per corruzione di minore- processo ovviamente
senza fondamento, perché i due giovani erano vergini, e stavano
vivendo la tenera e ingenua ebbrezza di coloro che scoprono lamore
per la prima volta, come lei lo avrebbe descritto nel suo poema Il
primo bacio, che segna (coincidenza) la data del 7 luglio 1939.
Con lui avrebbe vissuto anche momenti difficili durante la guerra,
periodo in cui dovettero fuggire in montagna (Rialmosso) per rifugiarvisi
assieme ad altri- inclusi neozelandesi evasi da un campo di concentrazione.
Ma lamore in lui va aldilà dellambito individuale,
giacché è in esso che attecchisce il suo senso
di fraternità. Di una fratenità che le fa affirmare,
convinta, che le piace la gente e pertanto rifiuta le
gerarchie che, per organizzare la società, creano un mondo
dove la libertà è così relativa e luguaglianza,
una finzione. È in questo senso di affettuosa fraternità
che sedimenta il suo impulso verso gli altri - marca forte del carattere
di colei, da giovane, si sente viva, felice di vivere, impegnata a
pensare ed agire di propria iniziativa, superando la rigidità
della propria educazione per scoprire, incantata, non un Dio
persona, ma il Dio che esiste dentro ciascuno di noi.
Arrivando in Brasile nel 1945, è nelle sue opere che comincia
a ripassare e registrare le esperienze della sua avventurosa vita.
E in questo modo cascono poemi, racconti, romanzi per i quali riceverà
vari premi: Tutto ciò che ho scritto, è stato
premiato, dice con semplicità. E in realtà, il
suo stile molto personale poche parole, frasi brevi, la parola
appropriata e sempre significativa unito allautenticità
e la verità che distillano daí suoi scritti, le varranno
otto premi, tra i quali, quello dellIstituto Nacional do Livro
per Lora difficile, quelli dellUnião Brasileira
dos Escritores per Il girotondo delle ore (ancora inedito), quello
dellAcademia Brasileira de Letras per lopera teatrale
Nelle maglie della rete, quello del Libro de Goiás como migliore
raccolta di racconti della decada per Moneta corrente e la medaglia
dellUnião Brasileira de Escritores per Anni di fuoco,
romanzo autobiografico.
Una vita piena, insomma, unopera ricca: Amélia Sparano,
un nome da ricordare e riverire.